Nos últimos anos, a cidade de Indaiatuba figurou na mídia no topo de rankings nacionais, com destaque para levantamentos realizados pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN), de desenvolvimento municipal. Mas nem sempre foi assim. Como parâmetro, até o Censo de 1991, Indaiatuba possuía uma população menor do que a de Itu. O PIB municipal das duas cidades vizinhas em 2000 eram bem similares.

O que motivou este grande crescimento nas duas últimas décadas do município?

  

1) Início tardio: sem destaque na produção agrícola, Indaiatuba tem pouca relevância até a primeira metade do século XX

As cidades de São Paulo que mais cresceram até a primeira metade do século XX foram aquelas com maior relevância na produção agrícola do estado, que mesmo após a queda da produção de café, foram as que mais se beneficiaram do início da industrialização nacional.

O município de Itu, por exemplo, já possuía grande importância desde a era do açúcar, quando a cidade sediou, a partir de 1811, a 4ª Comarca, instituição administrativa de cunho jurídico, responsável por vários municípios da região e também do Paraná. Enquanto que Indaiatuba só foi considerada cidade, se separando de Itu, em 1906. A Comarca de Indaiatuba só teve início em 1963.

2) A grande virada: A descentralização industrial da última década do século XX favorece a infraestrutura da região

Foi com o processo de descentralização industrial que o cenário começou a mudar. Com os altos custos produtivos e a infraestrutura já insuficiente da cidade de São Paulo, além das alterações na Constituição de 1989, que concederam maior autonomia aos estados e municípios para definição dos impostos a serem cobrados, muitas indústrias se mudariam para o interior de São Paulo e para outras regiões do país na última década do século passado.

Para sustentar as necessidades das indústrias, diversas melhorias em infraestrutura foram realizadas, dentre elas pode-se destacar como as mais relevantes para a região, a duplicação da SP-75 (rodovia que liga Campinas à Sorocaba, conhecida pelos indaiatubanos como Rod. Santos Dumont) e a ampliação da Rodovia dos Bandeirantes de Campinas à Cordeirópolis (antes disso a estrada ligava apenas Campinas à São Paulo).

Com estas construções, Indaiatuba foi intensamente beneficiada e passou, a partir de 1990, a ser um município muito atrativo para instalações de novas indústrias.

3) A consolidação da região:  Viracopos assume posição de destaque no final da década de 2000

Com as limitações da cidade de São Paulo e a boa infraestrutura local, a região se consolida na primeira década de 2000.  Como prova disso, O Aeroporto Internacional de Viracopos passa a ser visto como o futuro maior aeroporto da América Latina, devendo absorver grande parte da demanda de Congonhas e Guarulhos, que contam com limitações físicas.

O gráfico abaixo mostra a evolução do tráfego de passageiros. Viracopos acelerou sua expansão a partir do início das operações da Azul Linhas Aéreas, em 2008, e em seguida com investimentos para a Copa do Mundo do Brasil de 2014. Ainda o terceiro maior aeroporto de São Paulo, Viracopos aproximou-se de Congonhas, com aumento de 1.149,6% no número de passageiros de 2006 a 2015, passando de 0,8 milhões para 10,3 milhões. No mesmo período, Guarulhos viu o seu tráfego crescer 147,4% e Congonhas apenas 4,4%.

4) O desenvolvimento econômico: da industrialização à melhoria na qualidade de vida

Enfim, a partir da década de 1990, Indaiatuba aliou diversas condições para iniciar um ciclo de crescimento nunca antes visto em sua história.

Como já abordado, com a localização estratégica e infraestrutura privilegiada, diversas indústrias seriam atraídas para o município. Grandes grupos como Toyota, Unilever, John Deere, Plastek, Filtros Mann, Yanmar, Agritech Lavrale, TMD/Friction/Cobreq e Basf, além do campo de provas da General Motors e da Honda foram abrigados na cidade do sol. De 2004 a 2014, o número de indústrias saltariam de, cerca de, 350 para, quase 850.

A atração de indústrias e profissionais fez com que a população registrasse crescimento expressivo nestas duas décadas, o que acabou impactando positivamente não só o setor industrial, mas a economia como um todo.

Com uma urbanização mais tardia e planejada, o município também começou a se destacar em sua beleza e qualidade de vida, iniciando também um processo que a tornaria também uma relevante cidade-dormitório. Isso fez com que aumento populacional de Indaiatuba fosse ainda mais importante na década de 2000, do que na década de 1990, como mostra a tabela abaixo (2º maior crescimento em São Paulo).

O aumento populacional aumenta o público consumidor e aquece a economia local, o que pode ser identificado na última coluna da tabela, de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Indaiatuba obteve o décimo maior aumento dentre as cidades envolvidas na pesquisa, alcançando R$ 3,3 bilhões em 2010, variando 11,3% ao ano, em média.

5) Expectativas positivas para os próximos anos

Como descrito anteriormente, Indaiatuba iniciou seu ciclo de crescimento acelerado a partir da década de 1990, porém, o aumento populacional foi relativamente mais relevante a partir de 2000 e o transbordamento do efeito populacional no PIB ainda está ocorrendo, o que demonstra que este ciclo não deve perder força ainda pelo menos nesta e na próxima década.

Como provas disso, a estimativa de sua população atingiu 226.602 pessoas em 2014, as indústrias continuam a ser atraídas para o município, como foi o caso da John Deere recentemente, além dos diversos prêmios que a cidade recebeu no início desta década de 2010.